Vitamina D e a relação com a esquizofrenia: uma revisão sistemática e meta-análise

Apesar de vários estudos observacionais terem investigado a associação entre o status de vitamina D e a esquizofrenia, esta é a primeira meta-análise vitamin-d-and-schizophreniaabrangente nesse sentido. Pesquisadores do Irã realizaram uma revisão sistemática e uma meta-análise de estudos observacionais para resumir os dados disponíveis sobre a associação entre os níveis séricos de vitamina D e a esquizofrenia, que acaba de ser publicada no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

Eles realizaram uma pesquisa no PubMed, ISI (Web of Science), SCOPUS e no Google Scholar, sobre todos os artigos publicados até outubro de 2013. Os estudos observacionais que haviam medido os níveis séricos de vitamina D em pacientes esquizofrênicos foram incluídos na revisão. Ao todo 19 trabalhos atenderam aos critérios de inclusão, que foram incluídos em três meta-análises distintas:

  1. uma meta-análise sobre os níveis médios de vitamina D;
  2. uma meta-análise sobre a prevalência da deficiência de vitamina D;
  3. uma meta-análise da razão de chances.

Os resultados revelaram que a diferença média geral nos níveis de vitamina D entre os pacientes esquizofrênicos e os controles foi de 5,91 ng/mL. Os resultados da meta-análise sobre a deficiência indicou que a prevalência em pacientes com esquizofrenia foi de 65,3%. As conclusões da meta-análise da razão de chances indicou que as pessoas com deficiência de vitamina D tiveram 2,16 vezes mais chances de ter esquizofrenia que aquelas com vitamina D suficiente. Os pesquisadores não detectaram nenhuma evidência de heterogeneidade.

Como conclusão afirmaram:

“Encontrou-se uma forte associação entre a deficiência de vitamina D e a esquizofrenia. No entanto, ensaios clínicos randomizados são necessários para confirmar nossos resultados.”

Fonte

Serum Vitamin D Levels in Relation to Schizophrenia: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies. Jul 2014.

Vitamina D e distúrbios cerebrais

Em um editorial publicado no American Journal of Clinical Nutrition, os pesquisadores flat-tire-e1380066411244-620x413afirmam que há evidências convincentes que a deficiência de vitamina D afeta negativamente o desenvolvimento do cérebro do feto e agrava a progressão de distúrbios cerebrais em adultos.

A última década assistiu a uma onda de pesquisa que investiga o papel da vitamina D na função cerebral. A evidência empírica é constituída por:

  • Uma ligação clara entre a vitamina D e função do cérebro a partir de estudos in vitro e em animais
  • Resultados de estudos populacionais
  • Resultados de um pequeno número de ensaios clínicos randomizados ( ECR )

A partir deste conjunto de pesquisas, os autores concluem que há evidências de que a deficiência de vitamina D no útero seja um fator causal em desordens do desenvolvimento neurológico, como a esquizofrenia. “A ausência de vitamina D priva o cérebro em desenvolvimento de um sinal esperado”.

Em contraste, a deficiência de vitamina D em adultos é pouco provável de causar uma desordem cerebral em si, mas sim agrava-la uma vez que ela comece. A esclerose múltipla, a demência e a depressão são doenças complexas provenientes de uma combinação de fatores de risco, incluindo a deficiência de vitamina D, mas depois de terem começado há evidências emergentes de que a suplementação de vitamina D possa interromper ou limitar a sua progressão.

Um estudo emocionante, recentemente publicado no American Journal of Clinical Nutrition descobriu que a suplementação de vitamina D ajudou a retardar a progressão da doença de Parkinson (DP). Embora a vitamina D não cure o Parkinson, os integrantes do grupo de placebo viram um constante agravamento dos seus sintomas em comparação com os do grupo de tratamento. Nós blogamos sobre o estudo aqui.

Parkinson é uma desordem neurológica que afeta o controle muscular e o equilíbrio. Ela está associada com a perda de células nervosas produtoras de dopamina. Recentemente, os cientistas descobriram que o receptor de vitamina D é mais fortemente expresso em áreas ricas em dopamina do cérebro, o que poderia explicar os efeitos neuroprotetores da vitamina D na progressão do Parkinson.

Em conclusão, mais e mais pesquisas continuam a mostrar um efeito neuroprotetor da vitamina D no desenvolvimento e na progressão de uma variedade de desordens do cérebro. Embora a investigação nesta área da neurologia esteja em sua infância, ela oferece ainda uma outra razão para otimizar o seu nível de vitamina D, especialmente se você estiver grávida ou diagnosticado com um distúrbio cerebral.

Tradução Ana Claudia Domene Ortiz

Fonte Vitamin D Council

Leia também:

Pouca vitamina D em recém-nascidos pode aumentar risco de esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença sem cura marcada por alucinações, alterações na afetividade e problemas nas atividades sociais. E, de acordo com cientistas do Instituto do Cérebro da Universidade de Queensland, na Austrália, o baixo nível de vitamina D em recém-nascidos aumenta a chance de desenvolvê-la anos depois.

A equipe contou com amostras de sangue de bebês da Dinamarca. Então, comparou a concentração da substância dos que posteriormente manifestaram a psicose com as dos que não a apresentaram (grupo controle). Assim, chegou à conclusão de que aqueles com taxas menores tiveram risco dobrado de ter o transtorno.

O pesquisador Darryl Eyles disse ao jornal Daily Mail que a vitamina D é necessária para o crescimento celular e a comunicação de todos os órgãos do corpo. Por isso, não seria nenhuma surpresa constatar que sua falta causa efeitos no cérebro. A publicação Archives of General Psychiatry divulgou as considerações.

Vale acrescentar que a produção de vitamina D é estimulada pela exposição solar. Isso não significa que deve ficar ao sol por longos períodos e sem proteção, é claro. A substância está presente também em peixes e crustáceos e, em menor quantidade, em ovos e leite.

Fonte: TERRA