Por: Marc Sorenson (Sunlight Institute) – Um artigo no site da ABC [1] coloca a seguinte questão: Se a exposição ao sol causa câncer de pele, como é que alguns tipos de câncer de pele crescem em partes do corpo que nunca veem a luz do dia “Em seguida, segue listando várias áreas onde cânceres de pele ocorrem: “Entre os dedos, na sola dos pés ou mesmo em torno dos genitais… cânceres de pele podem aparecer em partes do corpo que raramente ou nunca veem o sol.”
Eles, então, citam o CEO do Cancer Council Australia, Professor Ian Oliver, que nos diz que a radiação ultravioleta do sol (RUV) é, de longe, a principal causa do câncer de pele. Se ele está falando sobre o melanoma, ele está absolutamente errado. E se ele está falando sobre os cânceres de pele comuns, quantos desses tipos de câncer são encontrados dentro ou sobre as áreas do corpo acima mencionadas? Esta é uma tentativa equivocada de “aterrorizar as pessoas para que elas deixem a luz do dia”, como disse o Dr. Michael Holick, um grande pesquisador da vitamina D.
Vamos esclarecer que esse esforço vise o melanoma, o câncer de pele mortal que, de fato, ocorre em áreas que raramente ou nunca são expostas à luz solar. Dizer que a RUV é, de longe, a principal causa do câncer de pele (melanoma) é simplesmente falso. O sr. Oliver não é um mentiroso, mas ele obviamente não leu as pesquisas. Ele está terrivelmente equivocado se acredita que a luz solar seja o fator causal da doença. Vejamos os fatos:
A exposição solar diminuiu drasticamente nos EUA durante o século XX e o melanoma aumentou em pelo menos 30 vezes durante esse tempo. [2] Ao mesmo tempo, o percentual de trabalhadores ao ar livre, os mais susceptíveis de serem expostos à luz solar, diminuiu drasticamente, por exemplo, a ocupação ao ar livre da agricultura diminuiu de 33% para 1,2% dos empregos totais [3], uma redução de 96%. Outras informações do EPA determinaram que a partir de 1986, cerca de 5 por cento dos homens adultos trabalhavam a maior parte do tempo ao ar livre e que cerca de 10 por cento trabalhavam ao ar livre parte do tempo. A proporção de mulheres que trabalhavam fora foi pensada ser mais baixa. Torna-se óbvio que, como exposição à luz solar diminuiu profundamente, o risco de melanoma disparou.
Além disso, outra pesquisa demonstra que os trabalhadores ao ar livre, embora recebessem de 3 a 9 vezes a exposição à luz solar que os trabalhadores de interiores, não tiveram aumento no melanoma desde 1940, enquanto a incidência de melanoma em trabalhadores interiores aumentou exponencialmente. [4] [5] A partir dessa informação , pode-se razoavelmente concluir que, exposição à luz solar regular ao ar livre proteja contra melanoma. Há pelo menos uma dúzia de outros estudos na literatura profissional que corroboram que os que vivem em ambientes fechados têm muito mais melanomas que aqueles que vivem no exterior. [6]
Se a exposição ao sol fosse razão para o aumento do melanoma, seria de esperar que as áreas do corpo que recebem a maior exposição também seriam as áreas de maior ocorrência da doença. O sr. Oliver acredita que este seja o caso, mas não é. Quanto à distribuição dos melanomas em áreas “inesperadas”, a literatura científica aponta que existem taxas mais elevadas no tronco (raramente exposto à luz solar) do que na cabeça e nos braços (comumente expostos ao sol). [7] Outras pesquisas demonstram que melanomas em mulheres ocorrem principalmente nas coxas e em homens com mais freqüência nas costas -áreas de pouca exposição à luz solar. [8] Em afro-americanos, o melanoma é mais comum nas solas dos pés e nas pernas, onde exposição à luz solar é quase inexistente. [9] De acordo com estes fatos, se existe uma relação entre a exposição solar e o melanoma, a relação é inversa – quanto maior a exposição, menor o risco de melanoma.
Referências
- http://www.abc.net.au/health/features/stories/2014/01/28/3930977.htm
- Melanoma International Foundation, 2007 Facts about melanoma.
- Ian D. Wyatt and Daniel E. Hecker. Occupational changes in the 20th century. Monthly Labor Review, March 2006 pp 35-57: Office of Occupational Statistics and Employment Projections, Bureau of Labor Statistics.
- Godar DE, Landry RJ, Lucas AD. Increased UVA exposures and decreased cutaneous Vitamin D3 levels may be responsible for the increasing incidence of melanoma. Med hypothesis (2009), doi:10.1016/j.mehy.2008.09.056 –
- Godar D. UV doses worldwide. Photochem Photobiol 2005;81:736–49.
- Lee J. Melanoma and exposure to sunlight. Epidemiol Rev 1982;4:110–36.
Vågero D, Ringbäck G, Kiviranta H. Melanoma and other tumors of the skin among office, other indoor and outdoor workers in Sweden 1961–1979 Brit J Cancer 1986;53:507–12.
Kennedy C, Bajdik CD, Willemze R, De Gruijl FR, Bouwes Bavinck JN; Leiden Skin Cancer Study. The influence of painful sunburns and lifetime sun exposure on the risk of actinic keratoses, seborrheic warts, melanocytic nevi, atypical nevi, and skin cancer. Invest Dermatol 2003;120:1087–93.
Garland FC, White MR, Garland CF, Shaw E, Gorham ED. Occupational sunlight exposure and melanoma in the USA Navy. Arch Environ Health 1990; 45:261-67. Kaskel P, Sander S, Kron M, Kind P, Peter RU, Krähn G. Outdoor activities in childhood: a protective factor for cutaneous melanoma? Results of a case-control study in 271 matched pairs. Br J Dermatol 2001;145:602-09.
Garsaud P, Boisseau-Garsaud AM, Ossondo M, Azaloux H, Escanmant P, Le Mab G. Epidemiology of cutaneous melanoma in the French West Indies (Martinique). Am J Epidemiol 1998;147:66-8.
Le Marchand l, Saltzman S, Hankin JH, Wilkens LR, Franke SJM, Kolonel N. Sun exposure, diet and melanoma in Hawaii Caucasians. Am J Epidemiol 2006;164:232-45.
Armstong K, Kricker A. The epidemiology of UV induced skin cancer. J Photochem Biol 2001;63:8-18
Crombie IK. Distribution of malignant melanoma on the body surface. Br J Cancer 1981;43:842-9.
Crombie IK. Variation of melanoma incidence with latitude in North America and Europe. Br J Cancer 1979;40:774-81.
Weinstock MA, Colditz,BA, Willett WC, Stampfer MJ. Bronstein, BR, Speizer FE. Nonfamilial cutaneous melanoma incidence in women associated with sun exposure before 20 years of age. Pediatrics 1989;84:199-204.
Tucker MA, Goldstein AM. Melanoma etiology: where are we? Oncogene 20f03;22:3042-52.
Berwick M, Armstrong BK, Ben-Porat L, Fine J, Kricker A, Eberle C. Sun exposure and mortality from melanoma. J Nat Cancer Inst 2005;97:95-199.
Veierød MB, Weiderpass E, Thörn M, Hansson J, Lund E, Armstrong B. A prospective study of pigmentation, sun exposure, and risk of cutaneous malignant melanoma in women. J Natl Cancer Inst 2003;95:1530-8.
Oliveria SA, Saraiya M, Geller AC, Heneghan MK, Jorgensen C. Sun exposure and risk of melanoma. Arch Dis Child 2006;91:131-8.
Elwood JM, Gallagher RP, Hill GB, Pearson JCG. Cutaneous melanoma in relation to intermittent and constant sun exposure—the western Canada melanoma study. Int J Cancer 2006;35:427-33 - Garland FC, White MR, Garland CF, Shaw E, Gorham ED. Occupational sunlight exposure and melanoma in the USA Navy. Arch Environ Health 1990; 45:261-67.
- Rivers, J. Is there more than one road to melanoma? Lancet 2004;363:728-30.
- Crombie, I. Racial differences in melanoma incidence. Br J Cancer 1979;40:185-93.
Tradução Vitamina D – Brasil
Fonte Sunlight Institute
** Se você gostou deste post, por favor considere “curtir” a página Vitamina D – Brasil no Facebook.
Leia também:
- Pesquisa da Holanda mostra uma diminuição no câncer de pele e em outros tipos de câncer com um aumento na exposição solar diária regular
- Férias ensolaradas habituais predizem melhores prognósticos em pacientes de melanoma
- A exposição solar ocupacional regular está associada à um risco reduzido de melanoma no rosto e nos braços